domingo, 31 de julho de 2016

Eu queria.


Eu queria aprender o idioma das árvores. Saber das canções do vento nas folhas da tarde. Eu queria apalpar os perfumes do sol.

(Manoel de Barros) 

As estrelas de dentro.

 

 - Mãe, é Deus quem acende as estrelas no céu pra gente quando fica de noite?
Olhavam para o céu, sentadas lado a lado no balanço, quando a menina fez a pergunta. A mãe a olhou com um sorriso que parecia maior do que o próprio rosto. Do que o próprio corpo. Do que aquele jardim.
- É. Ele acende as estrelas no céu todas as noites para nos lembrar que cada um de nós, aqui na Terra, precisa acender a estrela que dorme no próprio coração. Ela só acende quando acorda. Cada pessoa que consegue acendê-la também vira um pontinho luminoso para quem olha lá de cima.
A menina ficou bastante atrapalhada com aquela novidade: ninguém nunca havia lhe contado que existia uma estrela dormindo no coração das pessoas. Já sabia que existiam algumas coisas com nomes esquisitos dentro dela, coisas que não podia ver nem tinha idéia de como eram. Mas, uma estrela?! Muito curiosa, silenciou um pouquinho para imaginar a tal estrela dorminhoca. Será que ela também dormia com edredom? Vai ver sentia frio, já que ainda estava apagada.
- E como é que a gente faz pra acordar essa estrela, mãe?
A mãe lhe deu um abraço demorado, daqueles que adorava dar, capazes de criar calor mesmo em noites frias como aquela. Depois, olhou bem dentro dos olhos intrigados da menina, pousados nela o tempo todo, ansiosos pela resposta.
- Ela acorda quando a gente ama.


(Ana Jácomo)

sábado, 30 de julho de 2016

Eis-me aqui.


Curvo-me diante de Ti mãe Terra.
Curvo-me diante de Ti força soberana que tudo cria.
Eis-me aqui para aceitar o destino escrito pelas minhas próprias mãos.
Eis-me aqui para agradecer a vida que habita meu corpo.
Eis-me aqui para assumir o compromisso de honrar a tudo e a todos como obra Divina.
Eis-me aqui para exercer o dom de amar.
Eis-me aqui para viver cada minuto de minha vida em comunhão com o Todo.
Eis-me aqui, instrumento de paz. 
Obrigado.
Namastê


(Andreza Frasseto)

domingo, 10 de julho de 2016

Noutras fontes.



Ando quieta, acomodando minha vida noutras fontes de bem estar. 
Parei de gritar aos quatro cantos o quão bonito é sentir. É que estrapolo, estou sempre transbordando sonhos. Isso já me fez escorregar.
Estou cada dia mais reclusa e tenho me sentido mais forte para enfrentar tantos monstros, até mesmo aqueles que nunca saíram da minha mente. 
Já não programo as coisas, danço conforme a música e às vezes só finjo dançar, balançando o corpo de um lado para o outro, assim, sem fazer sentido algum.
Deixei pra lá algumas amizades, cortei o glúten, inseri dois litros de água na minha dieta e assim vou levando os dias, me sentindo mais leve.
Numa manhã tão simples, acordo e sou quase a mulher maravilha. É tão verdade que até posso voar. É tão mentira que no outro dia viro apenas a garota boba que se cala por não entender essa gente com ar de superstar.

(Ju Fuzzeto)